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(Foto: Jornal O Observador)

História

Ansiedade, preocupação, provocações, campos lotados, comemorações, alegria pela vitória ou a tristeza pela derrota. Esses eram os temperos de um domingo, entre as décadas de 40 e 60, em Pedro Leopoldo, a cerca de 50 quilômetros de Belo Horizonte.

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No período, a cidade era reconhecida nacionalmente e estava presente em diversos jornais, rádio e TVs de todo o Brasil. Um morador ilustre, Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, o mais famoso médium do País, era o responsável por atrair o foco para o município. Mas um outro fato marcante também chamava a atenção: o futebol.

Jornais da década de 30 e 50 noticiam Pedro Leopoldo (Foto: Acervo)

Recém-emancipada (27 de janeiro de 1924) e com ares de cidadezinha do interior, Pedro Leopoldo já possuía o esporte desenvolvido para a época, muito em decorrência do aparecimento dos primeiros clubes e campeonatos na capital mineira. Logo 3 times foram formados no município com relativo destaque no futebol estadual, mesmo jogando de forma amadora. Tratam-se do Pedro Leopoldo Futebol Clube, Industrial Esporte Clube e o Sport Clube Pedro Leopoldo.


Este sucesso repentino pode ser explicado pela grande quantidade de bons jogadores que a cidade revelou, gerando o apelido “celeiro de craques”, que perdura até hoje em Minas Gerais. 

“Não sei se Pedro Leopoldo (PL) foi beneficiado por Deus, mas ele trouxe durante uma época grandes jogadores que tiveram a felicidade de nascer na cidade”, comenta Irineu Moreira, de 68 anos, um apaixonado por futebol, que também foi zagueiro, árbitro e presidente da Liga de Futebol de PL.

(Foto: Thiago Toney)

Por se tratar de uma pequena cidade do interior mineiro, na época com menos de 20 mil habitantes, a população encontrava espaços vagos com facilidade, que rapidamente eram transformados em campinhos de futebol pela criançada. Além disso, os campos que já existiam não possuíam grades e era permitida a entrada quando não haviam jogos. 


Para Irineu, essas facilidades influenciaram para que muitos jogadores praticassem o futebol na cidade. “Tínhamos total liberdade de brincar nas ruas, na qual nem calçadas eram. Por esse motivo uma das brincadeiras que a gente mais fazia era jogar futebol. Por isso acredito que Pedro Leopoldo foi um celeiro de craques”.

Da esquerda para a direita: Pelau, Gilberto, Dirceu Lopes, Marcelo Oliveira, Nelson Torres, Campos e Gilson Pantera (Foto: Divulgação)

Neste período, diversos jogadores deixaram a cidade para se destacar profissionalmente, principalmente vestindo as camisas dos clubes do estado. No final da década de 50, destacam-se a dupla de ataque Gilberto e Pelau, que deixou o Industrial para jogar no Cruzeiro. Este último, até hoje figura na lista dos 15 maiores artilheiros da raposa. 


Anos mais tarde, Dirceu Lopes, que jogava pelo Sport, também seguiu em direção ao time azul estrelado (1964-1977), se tornando um dos maiores ídolos da história do time, além de vestir a camisa da Seleção Brasileira (1970). Ele também é carinhosamente chamado de “príncipe do futebol”, pois era considerado o segundo melhor atleta do Brasil no período, atrás apenas do “rei” Pelé. Outro que também usou a amarelinha (1975–1977) foi o pedroleopoldense Marcelo Oliveira, que ao contrário dos conterrâneos, fez história no rival Atlético-MG (1972–1979 e 1984).


Ainda na década de 70, o município revelou outros craques para o futebol profissional, como Nelson Torres (América-MG), Gilson Pantera (Cruzeiro), e Campos (Atlético-MG).


Alguns desses atletas pouco tempo jogaram nos clubes de Pedro Leopoldo, mesmo assim são reflexos do futebol que era jogado na cidade. O próprio “príncipe do futebol” por algum tempo foi reserva do Sport, como conta Décio Pereira (Padeco), 74 anos, que foi meio-campo, ponta direita e esquerda do alviverde na década de 60. “Na época existia o primeiro e segundo quadro. O primeiro era o time mais forte e o segundo jogava antes . O Dirceu Lopes começou no segundo quadro, com 14 anos ele já estava no amador. Ele jogava na minha posição, mas como o primeiro quadro era mais pesado e ele não tinha idade para enfrentar, eu jogava”.

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